A intensificação da agricultura, o recurso a maquinaria pesada e desadequada, com a destruição da estrutura do solo, as mobilizações excessivas e a utilização de herbicidas com a eliminação da vida do solo tem causado a destruição de milhares de hectares de terra em todo o mundo. Atualmente 25% da área agrícola mundial está degradada ou em risco de erosão devido às técnicas utilizadas na agricultura intensiva, sendo que, em cada ano, perdem-se 12 milhões de hectares, o equivalente a 0,8% da Superfície Agrícola Útil do Planeta. Um estudo de 2014, realizado por investigadores da Universidade de Aveiro, concluiu que as misturas de pesticidas utilizadas na agricultura para combater as pragas estão a provocar efeitos colaterais nos organismos que regeneram o ecossistema terrestre, colocando em causa a saúde dos solos. O estudo aponta, como exemplo, o chamado "remédio dos caracóis" que acaba por matar outros organismos como bichos-de-conta, minhocas e outros invertebrados benéficos para o solo. Nos últimos dez anos, a qualidade dos solos portugueses caiu e a aridez aumentou por causa das alterações climáticas. Mais de um terço do território nacional apresenta sinais de degradação e mais de metade dos solos, cerca de 52%, apresentam "grande ou elevada susceptibilidade de desertificação”, situação agravada com os incêndios registados, nos últimos anos, no nosso País. O problema da erosão do solo e da desertificação física é muito grave, constituindo a maior ameaça para a sustentabilidade da agricultura e, a continuar assim, o problema da fome no mundo tem tendência a agravar-se. O solo, ou a “epiderme da Terra” é uma fina camada à superfície do globo que demora milhares de anos a formar-se. É um recurso não renovável a curto e médio prazo sendo necessários cerca de 2 séculos para se formar 1 cm de espessura de solo a partir da rocha-mãe, mas em terrenos com elevada inclinação ou declive, como os que existem na Madeira e não protegidos por vegetação, bastam alguns aguaceiros para arrastar esse solo. A utilização de químicos de síntese na agricultura aumentou exponencialmente desde que a ciência e a tecnologia inventaram os pesticidas e os fertilizantes. Estes produtos químicos não são produzidos naturalmente no ambiente e por esse motivo a natureza não tem a capacidade de os transformar ou absorver. Como resultado, estes produtos tóxicos vão-se acumulando no solo e gradualmente reduzem a sua qualidade. Outros químicos destroem a composição e estrutura dos solos que se tornam mais vulneráveis à acção da água e do vento, acabando por serem arrastados. Por outro lado os agricultores não gostam de ver erva nos seus terrenos, utilizando demasiadas vezes máquinas de mobilização que deixam o solo solto e nu. O solo está repleto de vida, alojando um quarto da biodiversidade do nosso planeta. As minhocas são apenas uma das espécies visíveis. À medida que as minhocas se deslocam pelo solo, alimentam-se com partículas de terra, substâncias orgânicas, microflora e microfauna e vão construindo uma ramificada rede de galerias que tem um efeito positivo sobre a circulação do ar e da água, sobre a sua retenção e na capacidade de desenvolvimento e progressão das raízes no solo. Os microorganismos do solo estabelecem diversas interacções que influenciam a qualidade do solo e o crescimento das plantas. As populações microbianas estão envolvidas em processos como a decomposição da matéria orgânica, a reciclagem dos nutrientes, o sequestro do carbono, a modificação das propriedades físicas e químicas do solo e a regulação do estado sanitário das plantas. Muitas bactérias associadas às raízes, influenciam o crescimento das plantas através da produção de hormonas vegetais, pelo aumento da disponibilidade de nutrientes e da resistência aos agentes patogénicos. Os fungos são capazes de degradar substratos complexos, difíceis ou impossíveis de utilizar, transformando-os em nutrientes de fácil absorção. A conservação dos solos agrícolas e da sua diversidade depende em primeiro lugar dos agricultores, dos produtores pecuários e das técnicas que utilizam para produzir as suas culturas e criar os seus animais. Evitar a erosão, ou seja o arrastamento do solo, é prevenir a sua desagregação e a dispersão das partículas que o constituem e isto é conseguido através da melhoria das propriedades do solo, nomeadamente através do empalhamento, da não mobilização, do pastoreio extensivo, diminuindo a sua exposição aos agentes erosivos como o vento e a água. A agricultura biológica e a pecuária regenerativa, por exemplo, têm como um dos objectivos principais proteger o recurso solo, mantendo ou melhorando a sua fertilidade a longo prazo, orgulhando-se de contribuir para a sustentabilidade da agricultura e para a preservação do ambiente e segurança e saúde das pessoas. Facilmente se percebe o impacto das nossas opções, enquanto consumidores, na saúde do Planeta. Sabendo isto, faça escolhas conscientes e responsáveis, optando por produtos que protegem o solo, recurso fundamental para a nossa sobrevivência. OrganicA – Associação de Promoção da Agricultura Biológica da Madeira
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