No âmbito da Semana Pergunte pelo BIO, entrevistámos um dos Sócios-fundadores da OrganicA, que muito tem contribuído para a divulgação dos produtos biológicos regionais: Yves Gautier, Chef Executivo do Greenvalley no Hotel Quinta da Serra, o primeiro restaurante, em Portugal, a ter certificação de Restauração Biológica – nível Bronze (30% a 60% orgânico). OrganicA: Como nasceu o seu interesse pelos produtos bio? Y.G.: Primeiro nasceu o meu interesse por bons produtos, por cozinhar bem, evoluiu para escolher os ingredientes mais saborosos, e lá cheguei inevitavelmente aos alimentos bio. OrganicA: Porque é que o Hotel Quinta da Serra decidiu seguir uma política sustentável e ter um restaurante biológico? Y.G.: A administração e a direção do Hotel decidiram trabalhar o produto hotel em vertente sustentável, e os dois responsáveis por este projeto são consumidores de produtos biológicos. E naturalmente que chegou a vertente biológico por este hotel, (é por isso que fui contratado, e por abraçar o projeto e desenvolver uma cozinha com vertente bio). O restaurante concorreu para a certificação de uma restauração biológica, e foi agraciado há 1 ano com a certificação bronze em restauração orgânica. OrganicA: De que forma essa opção afecta o seu trabalho como Chefe de cozinha? Y.G.: Não tem qualquer problema trabalhar os produtos bio, especialmente quando vem da Quinta, diariamente, para a minha cozinha. Mas o fornecimento de algum outros produtos às vezes não são os mais apropriados para uma unidade hoteleira, e no dia-a-dia, eu preciso de planificar muito bem os produtos do dia que consigo internamente e as encomendas de fora do hotel para poder confecionar as ementas. OrganicA: Que iniciativas desenvolvem ao longo do ano no Hotel, na área do Bio? Organizamos, em todos os últimos sábados de cada mês, um almoço bio. Temos alguns grupos que pedem uma cozinha biológica. E servimos diariamente um pequeno-almoço com muito produtos bio. OrganicA - Associação de Promoção de Agricultura Biológica da Madeira
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A Mariana é bióloga e o Carlos é um empresário agrícola que está atualmente a frequentar o curso de agricultura biológica da Universidade da Madeira. Desde 2002, há já 14 anos, decidiram seguir o sonho de trabalhar em harmonia com a Natureza seguindo os princípios da agricultura biológica. Atualmente, estão à frente da Quinta do Pomar, uma das primeiras explorações agrícolas biológicas da Madeira, e são os proprietários da Freshbio, um espaço que comercializa produtos biológicos frescos e transformados. OrganicA: O que produz e vende a Freshbio? M. e C.: Na Quinta produzimos Frango, Ovos, Hortaliças, Frutas, Ervas Aromáticas e medicinais, tudo certificado Bio. Para que a nossa oferta seja bem mais recheada juntamos a algum tempo produtos transformados de Mercearia. OrganicA: Porque optaram pelo bio? M. e C.: Porque, em primeiro lugar, salvaguarda o bem-estar animal, proporcionando aos animais todas as condições para que possam exprimir o comportamento natural da sua espécie, também porque proíbe o recurso a pesticidas de síntese e tem em consideração a preocupação ambiental, tentando minimizar todas as formas de poluição que resultariam da normal actividade agrícola. E claro que o resultado final é um produto de qualidade, com grande valor nutricional e com impacto no Ambiente reduzido. Além do mais, os animais na exploração são uma mais-valia, contribuindo e fazendo parte do Ecossistema Agrícola. Os restos vegetais são aproveitados para os animais e o seu estrume é utilizado para fazer o composto que irá nutrir as plantas e enriquecer o solo, é um ciclo em que todas as partes por mais pequenas que sejam são todas importantes para que haja sustentabilidade. OrganicA: Quais as principais diferenças no tratamento e alimentação de um animal criado num ambiente biológico? M. e C.: Os animais criados segundo o modo de produção Biológico passam a maior parte do tempo ao ar livre em pastagens, alimentando-se de ervas e animais de pequena dimensão que vão encontrando no solo. A alimentação dos frangos e das galinhas poedeiras é 100% Biológica, essencialmente à base de cereais, frutas e de ervas do pasto e de outras que são colhidas diariamente. Na alimentação dos animais é proibido a utilização de Organismos Geneticamente Modificados. A Gestão de Pragas e Doenças é feito em modo preventivo, recorrendo-se à administração na água dos animais de alho, vinagre e Limão. Estes têm acção desparasitante e antiséptica. OrganicA: Como podemos adquirir os vossos produtos? M. e C.: Poderão nos visitar na nossa loja, no Mercado Abastecedor de São Martinho Loja 15, de 2 ª à 6ª, das 10h00 às 19h00. Lá temos toda a semana produtos Bio bem fresquinhos e transformados, para que não faltem Alimentos Bio à mesa. Se não conseguem vir até nós, a Freshbio faz entregas ao domicílio sem custos adicionais. As encomendas são feitas no nosso site em www.freshbio.pt. OrganicA - Associação de Promoção de Agricultura Biológica da Madeira
No âmbito da "Semana Pergunte pelo Bio", entrevistámos a Tatiana e o Francisco, os simpáticos proprietários da Solobio, uma mercearia 100% BIO localizada no Funchal e que comercializa produtos frescos e transformados. OrganicA: Que produtos vende a Solobio? T. e F.: Na nossa Mercearia o cliente pode encontrar uma gama de produtos biológicos variada. Temos desde frutas e legumes a produtos de mercearia tais como azeite, vinagre, óleo, massas, arroz, farinhas, leguminosas, sementes, cereais, cereais de pequeno-almoço, bolachas, biscoitos, crackers, frutos secos, barras, chocolates, sumos, snacks, iogurtes, leite,bebidas vegetais, queijo, chás, café, alguns produtos de higiene pessoal e produtos de limpeza para o lar. Temos de destacar o aumento de produtos sem glúten, sem lactose e também sem outros alergénios uma vez que cada vez mais são detectadas intolerâncias alimentares em todas as idades. OrganicA: Porque optaram pelo bio? T. e F.: Porque é melhor para a nossa saúde, porque é amiga do ambiente e os produtos são muito mais saborosos. Numa primeira fase o que mais nos "prendeu" ao bio foi mesmo o sabor... Depois de começar a consumir produtos bio não há como voltar atrás. É também de salientar que é um modo de produção que respeita a saúde do homem (enquanto produtor e como consumidor) e dos animais. Na nossa opinião só a consumir produtos bio, produzidos de forma sustentável tanto ao nível ambiental como energético e financeiro podemos garantir o futuro das próximas gerações. A indústria agro-alimentar é uma das que mais recursos naturais consome e está em todos nós reverter esta tendência mundial. OrganicA: O que devemos evitar/ter em atenção nos produtos de mercearia convencionais? Que alternativas encontramos no Bio? T. e F.: Infelizmente os produtos processados convencionais são pouco ricos nas "coisas" de que realmente necessitamos no nosso organismo e a tendência é introduzirem químicos sintéticos que substituem o que os alimentos realmente deveriam ter e que podem ser extraídos de forma natural a partir do que a Natureza nos fornece mas é mais barato substituir o composto natural por um composto produzido em laboratório. Desta forma acabam por encher os produtos de compostos que não nos trazem nenhum benefício, pelo contrario, só nos prejudicam. Ou então vendem um produto mas quando vamos ler o rótulo o produto tem apenas uma pequena parte do que nos estão a vender e adicionam outros ingredientes só para "encher", sem grande valor nutritivo. Outro aspecto que devemos ter em atenção são os Organismos Geneticamente Modificados que são mais recorrentes no caso da Soja e do Milho, com implicações para a saúde já comprovadas por alguns especialistas. Nos horto-frutícolas devemos ter em atenção ao uso pesticidas e fertilizantes, especialmente os sintéticos (usados muitas vezes de forma descontrolada, embora tentem "tapar o sol com uma peneira" com cursos de aplicação de fitofármacos que deveriam educar os produtores a aplicar os mesmos de forma responsável) e que o consumidor não tem forma de verificar, de antibióticos nos animais que depois são ingeridos pelos humanos ao consumir a carne e os seus derivados. Do outro lado da moeda temos os produtos biológicos que possuem apenas aquilo que devem conter e nada que não seja natural. Sem resíduos de pesticidas nem herbicidas, sem OGM, sem quantidades absurdas de açúcar ( considerado um "veneno" nos nossos tempos) e super deliciosos. Quer mais razões para ser BIO com a SoloBio? OrganicA - Associação de Promoção de Agricultura Biológica da Madeira
É fundamental compreendermos o que são alimentos biológicos, até porque cada vez mais existem referências dos potenciais efeitos prejudiciais que os pesticidas, herbicidas e adubos de síntese podem ter no nosso metabolismo. E claro, existem várias medidas para proteger o nosso planeta, que passam pela alimentação; daí existir esta nova valência na minha área que é a: nutrição sustentável. OrganicA: Como nutricionista, o que a levou a adoptar e recomendar os produtos bio? N.B.: Confesso que não era um tema abordado na faculdade, falávamos em transgénicos, mas pouco em produtos biológicos. E durante os primeiros anos de trabalho, nem falava do assunto nas minhas consultas, por desconhecimento. O que me levou a questionar mesmo a origem dos alimentos foi a primeira gravidez há cerca de 6 anos. A partir daí explorei bastante acerca do tema, mas por auto-necessidade, por querer comer o melhor para o meu bebé e consequentemente que ele também tivesse acesso a alimentos o mais biológicos possível, após o nascimento. E claro que a partir daí, passei a aplicar todo o assunto às minhas consultas. Não tenho paciente, principalmente: gravidas, crianças ou patologias de risco que não fale em produtos biológicos. OrganicA: E como mãe? Que recomendações faz às mães que pretendem dar uma alimentação saudável aos seus filhos? As crianças de hoje em dia, os nossos filhos, estão muito menos protegidos que as gerações anteriores no que toca a químicos. Antigamente, consumíamos apenas produtos regionais, não havia tanta disseminação de pesticidas e herbicidas, e havia pouca oferta de produtos importados! Hoje em dia, muitas vezes nem fazemos ideia de onde vêm os alimentos, e de como foram tratados até chegarem à nossa mesa! Se pensarmos que já na primeira sopa ou papa dos nossos filhos, nem sabemos como foram tratados os cereais ou a batata o problema torna-se real. A recomendação principal foca-se nisto: em conhecerem melhor os alimentos que lhes dão; em fazerem mudanças graduais na alimentação deles; em valorizarem a comida como factor importante para o desenvolvimento do corpo, para o rendimento escolar e para a saúde em geral; em envolverem as crianças nas escolhas dos melhores alimentos, porque eles estão em idade de compreender o que lhes é explicado, e no fundo, este planeta já é mais deles que nosso! OrganicA - Associação de Promoção de Agricultura Biológica da Madeira No âmbito da "Semana Pergunte pelo Bio", entrevistámos Rui Vieira da Bio-Logos, uma das lojas de alimentação natural, mais antigas do Funchal. OrganicA: Que produtos vende a Bio-Logos ? RV: Na área da Higiene/Cosmética a Bio-Logos vende um pouco de tudo o que é basicamente necessário. Começando pela higiene caseira/detergentes, para a roupa, loiça, tanto para lavagem à mão como para máquina. Desinfectantes para casa de banho e cozinha. Branqueadores e tira-nódoas. Sabão para as mãos, descalcificantes, detergentes e tratamento para lãs e outros tecidos frágeis, etc.. Para a higiene corporal temos também uma larga oferta de champôs, amaciadores, gel de banho, sabonetes, cremes, loções, óleos, esfoliantes, pasta de dentes, tudo isto para adultos assim como para crianças e mesmo bebés. OrganicA: O que vos levou a vender cosméticos/produtos de corpo e cabelo BIO? RV: É evidente que a maioria das pessoas que se preocupam com a saúde delas mesmas, mais tarde ou mais cedo dar-se-ão de conta de que não é possível tratarmos da saúde se não tratarmos/cuidarmos também de todo o ambiente. Assim, a alimentação de qualidade BIO e essencialmente vegetariana é essencial assim como todos os outros produtos que usamos na nossa vida, como na pele, boca, cabelo, os que respiramos, os produtos de higiene caseira... afectam-nos diretamente, mas também indiretamente eles ou os seus resíduos, tóxicos ou não, acabarão por chegar a nós. Não é possível sermos saudáveis se pensarmos só em nós mesmos, no imediato, no perto de nós... OrganicA: Que ingredientes devemos evitar/ter em atenção quando adquirimos produtos de corpo/cabelo para as crianças? RV: As nossas crianças são claro muito sensíveis e permeáveis a tudo e todo a ambiente. Os melhores sabões, sabonetes, champôs, óleos, loções, pasta para os dentes para crianças e bebés serão sempre os mais simples e até mesmo caseiros se possível. A água simples é também uma excelente opção. Evitar todos os ingredientes sintéticos é essencial, como perfumes, corantes, conservantes, filtros solares, estabilizantes, parabenos, silicone, parafina, óleos minerais, transgénicos (OGM), sais de alumínio ... etc.. A OrganicA – Associação de Promoção de Agricultura Biológica da Madeira, associa-se à campanha Grow Green “Semana Pergunte pelo BIO”, uma iniciativa nacional organizada pela AGROBIO - Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, a acontecer entre os dias 11 e 16 de Abril, numa coprodução com a SGS e a Quercus. A iniciativa “Semana Pergunte pelo Bio” pretende divulgar o consumo sustentável não só na área das hortofrutícolas e produtos de origem animal como também nos outros consumíveis de matérias-primas biológicas como a roupa e a cosmética. A ideia é que tanto consumidores como comerciantes pensem mais nos produtos biológicos, sendo a agricultura biológica, única inteiramente sustentável, aquela que pode alinhar-se com os objetivos do COP 21 nas medidas de redução do aquecimento global. Para a AGROBIO, e para todos os parceiros envolvidos, o consumo saudável e sustentável deve deixar de ser uma alternativa para se generalizar e pretende-se que a semana temática se repita anualmente. A mecânica da iniciativa tem como base a parceria com 17 municípios, cerca de 40 parceiros entre os quais pontos de venda, certificadoras e associações, que se envolvem de forma ativa na divulgação do BIO. Nos diferentes pontos do país haverá diferentes iniciativas promovidas pelos diferentes intervenientes. Entre as atividades previstas estão workshops de cosmética, alimentação saudável e de agricultura biológica; projeção de filmes e palestras variadas; degustações, visitas a quintas entre muitas outras. Complementarmente, foi criada uma página no Facebook na qual, durante a “Semana Grow Green – Pergunte pelo Bio” todos os parceiros irão publicar fotografias das iniciativas que estão a acontecer pelo país. Na Madeira, estão já calendarizadas alguma ações, nomeadamente: no dia 15 de abril, no Barreirinha Bar Café, a projeção do documentário BIENTOT DANS ASSIETTES (“Em Breve na Vossa Comida”) de Paul Moreira, acompanhado por petiscos e vinhos BIO; no dia 16 de abril um Workshop de snacks bio para fazer em 5 minutos e um lanche (chá ao pôr-do-sol) e visita à Eco Prazeres, uma exploração Bio no concelho da Calheta e ainda algumas ações de sensibilização em escolas, durante a semana da iniciativa. A AGROBIO, juntamente com patrocinadores e parceiros, iniciam assim uma campanha de comunicação, na área do consumo biológico, nunca antes vista. Este é o ano piloto, espera-se que a iniciativa cresça de ano para ano. OrganicA - Associação de Promoção de Agricultura Biológica da Madeira
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AutorA OrganicA surge da vontade de partilhar a nossa experiência enquanto consumidores comuns: as preocupações que sentimos, as coisas que aprendemos, as descobertas que fazemos e as atitudes que tomamos em prol de uma alimentação mais saudável e de um mundo mais sustentável. Archives
Junho 2017
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