Contudo, não existe uma política nacional de alimentação que considere a produção e o consumo como um todo. O sistema e os comportamentos alimentares estão a causar prejuízos incalculáveis à saúde da população, aos solos, à água e ao ar.
Se uma potência estrangeira perpetrasse tais actos, seria considerada uma ameaça à segurança nacional, ou até um acto de guerra e o governo formularia um compreensível plano e uniria recursos para combate-la...mas sendo realizado por nós próprios, tudo é admissível e até subsidiado? Quando é possível prevenir centenas de milhares de mortes e doenças crónicas resultantes de maus hábitos alimentares e modos de produção agrícola destrutivos, esta não deveria ser uma prioridade nacional? Um plano integrado de alimentação deveria garantir, que todos, sem excepção, tivessem acesso a uma alimentação saudável; as políticas de produção deveriam garantir a saúde pública e a proteção do ambiente; os alimentos seriam livres de microorganismos patogénicos, químicos e medicamentos; a produção e comercialização de alimentos seria realizada de forma transparente; a indústria alimentar asseguraria boas condições de trabalho e ordenados justos às pessoas que emprega; o marketing alimentar asseguraria comportamentos alimentares saudáveis, motivando as crianças a comerem alimentos verdadeiros; seria efectivamente assegurado o bem estar animal; a pegada ecológica da produção alimentar seria reduzida e o sequestro do carbono nas explorações aumentaria e finalmente o sistema alimentar teria de ser resiliente ao ponto de minimizar os efeitos das alterações climáticas; Devido ao consumo de alimentos pouco saudáveis, retrocedeu-se 100 anos no estado da saúde e qualidade de vida das populações, sendo que actualmente as crianças têm uma esperança de vida menor do que a dos seus pais. Encontramo-nos nesta situação porque áreas como a segurança alimentar, a produção agrícola, a saúde, a comunicação, a segurança no trabalho, a qualidade do ar e da água, os subsídios à produção condicionam ou são condicionados pelo sistema alimentar, mas são tuteladas por serviços diferentes, com políticas próprias que nada têm a ver com interesse público. Se por um lado, a saúde recomenda uma alimentação diversificada, a agricultura incentiva a monocultura, se o objectivo é diminuir as taxas de cancro, como pode a politica agrícola continuar a estimular um modo de produção baseado na aplicação de produtos químicos, eles próprios cancerígenos? Se a solução é comer local, porque que é que se continua a dificultar a vida aos pequenos produtores e a incentivar a economia de escala, privilegiando a produtividade em vez da qualidade? Continuar-se-ia a promover o consumo de carnes brancas, em prol da saúde, sabendo a forma como as aves são criadas e alimentadas? É coerente incentivar a ingestão de alimentos saudáveis e continuar a cortar nos ordenados dos trabalhadores? OrganicA - Associação de Promoção de Agricultura Biológica da Madeira Baseado em “How a national food policy could save millions of American lives” in Washington Post 7/11/2014 Artigo publicado no Jornal da Madeira em 19.01.2015
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AutorA OrganicA surge da vontade de partilhar a nossa experiência enquanto consumidores comuns: as preocupações que sentimos, as coisas que aprendemos, as descobertas que fazemos e as atitudes que tomamos em prol de uma alimentação mais saudável e de um mundo mais sustentável. Archives
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