Uma das maiores satisfações que temos, quando consumimos produtos bio, é que, enquanto pais e mães, estamos a fazer o melhor pelos nossos filhos e, independentemente de o sermos, é com orgulho que partilhamos com amigos e conhecidos, o nosso empenho em comprar alimentos efectivamente saudáveis, sem venenos, como são os de agricultura biológica. Não raras vezes, somos interrompidos nestes nossos momentos de alegria, por pessoas que não acreditam, que simplesmente não vêem ou ainda não tomaram consciência dos benefícios de comer bio, ou por pessoas que nos atropelam nas palavras, felizes elas próprias por poderem dizer que também compram produtos sem químicos ainda que, sem certificação! A missão da OrganicA é esclarecer e promover o consumo e produção de alimentos biológicos, certos de que grande parte dos problemas que afectam a humanidade estão directamente relacionados com o sistema alimentar actual e conscientes de que a agricultura biológica é capaz de assegurar a produção de alimentos para todos, sem impactos negativos na saúde e no ambiente. Nesta perspectiva, não nos cansamos de repetir, vezes sem conta, o problema que é consumir alimentos contaminados com produtos químicos que se sabe serem responsáveis, mesmo em pequenas doses, admissíveis pela pretensa “segurança alimentar”, por doenças como o cancro, o autismo, a obesidade, a infertilidade, a diabetes entre tantas outras. Os produtos “quase bio” porque são de produção local Por outro lado, é fundamental que os consumidores exijam garantias da qualidade dos alimentos que compram, que saibam que “quase bio” não existe, e que os produtos locais não são necessariamente melhores só porque são produzidos na mesma região do que as pessoas que os consomem. Produzidos nas mesmas condições, de solo e clima, os alimentos locais produzidos com recurso a pesticidas, podem até ser mais nutritivos, se o tempo entre a colheita e o consumo for reduzido, mas não são mais saudáveis, nem mais ecológicos porque, está estudado, que o impacto na saúde e no ambiente, resultante da forma como são produzidos é superior, de uma forma geral, aos benefícios associados às curtas deslocações Os produtos “quase bio” porque crescem “selvagens” Da mesma forma que “quase bio” não existe, também crescer “selvagem” não é bio, porque para o ser implica sempre certificação. A garantia de uma produção saudável, sem químicos de síntese, é dada por um organismo independente que depois de comprovar com visitas, com análises, com procedimentos adequados, que o agricultor cumpre com o Regulamento Europeu que estabelece as normas da Agricultura Biológica, atribui um certificado de conformidade que deve acompanhar o produto e que o consumidor pode e deve pedir para ver. A utilização do termo bio ou biológico está regulamentada na produção, na preparação e transformação, na comercialização e o seu uso indevido é considerado um acto ilegal passível de penalização. Por esse motivo, muitos produtos no mercado, nomeadamente bolachas e iogurtes tiveram de mudar de nome e excluir o afixo bio da sua denominação, uma vez que os ingredientes não eram de agricultura biológica. Obviamente não se justifica a certificação de pequenas áreas para auto-consumo ou de hortas pedagógicas, cujos produtos não se destinam a comercialização, mas é importante não vulgarizar os termos legais sob pena de confundir ou induzir as pessoas em erro, num tempo em que os consumidores precisam de estar atentos e esclarecidos para não serem enganados por agentes que tentam vender os seus produtos por aquilo que não são. Os produtos “quase bio” porque não levam “quase nada” ou apenas “um bocadinho” Muitos agricultores convencionais, produtores para auto-consumo ou detentores de hortas urbanas dizem-nos que também produzem bio, que não aplicam “quase nada”, mas este “quase nada” faz toda a diferença entre ser saudável e ser potenciador das mais diversas maleitas. Frequentemente, este “quase nada” inclui os moluscicidas ou venenos para lesmas e caracóis em formas de granulados coloridos e aparentemente inofensivos, inclui os “remédios” para as lagartixas, inclui os fertilizantes químicos aplicados em adubação de fundo, que por não serem deitados directamente sobre as plantas parecem não afectar a sua composição, assim como os herbicidas que são aplicados nas ervas daninhas, e que permanecem nos solos durante anos apesar de nos dizerem o contrário. Incluem ainda os “sulfatos”, que muitos agricultores não sabem, mas deixaram de ser os fungicidas minerais para passarem a pesticidas sintéticos, muito tóxicos, ou então levam apenas “um bocadinho” ou uma “camadinha” de um produto químico, que acaba muitas vezes por ser dos mais tóxicos do mercado, como o Ciclone, o Pirimor, o Decis ou o Lannate e muitas vezes, este ”bocadinho” ou “quase nada” está também muito acima das doses recomendadas na ilusão de aumentar a eficácia do produto! “Quase bio” não existe. Ou é ou não é! Artigo publicado no Jornal da Madeira em 20.04.2015 OrganicA - Associação de Promoção de Agricultura Biológica da Madeira
2 Comentários
patricia
16/4/2016 22:34:11
Gostaria de colocar uma questão.
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AutorA OrganicA surge da vontade de partilhar a nossa experiência enquanto consumidores comuns: as preocupações que sentimos, as coisas que aprendemos, as descobertas que fazemos e as atitudes que tomamos em prol de uma alimentação mais saudável e de um mundo mais sustentável. Archives
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