Já pouca gente duvida que o modo de produção biológico é a solução para muitos dos problemas que a Humanidade enfrenta atualmente. Nesse sentido surgem cada vez mais estudos que confirmam e apontam a necessidade de criar planos de produção que garantam a sustentabilidade do sistema. Muitos países da Europa e do Mundo adoptam políticas claras, com medidas de atuação e integração das diversas áreas que mostram o compromisso dos decisores para com a população que exige responsabilidade e seriedade no tratamento de temas tão importantes como a segurança alimentar e a proteção do ambiente e da saúde pública. Durante muito tempo, a Madeira conseguiu seguir a tendência, colocando-se até, numa posição privilegiada relativamente ao resto do país, podendo congratular-se por ter sido, muitas vezes, notícia e uma referência no sector da Agricultura Biológica com o desenvolvimento de um modelo, tido tantas vezes como exemplar, em Portugal e no estrangeiro. A manutenção de uma estrutura orgânica dedicada exclusivamente ao modo de produção biológico, conseguiu assegurar de forma eficaz, a assistência técnica aos agricultores, a sensibilização a consumidores, o apoio especializado a todos os intervenientes no sector, a promoção da sustentabilidade e ainda a formação contínua de uma equipa empenhada e motivada que conseguiu evoluir no conhecimento aplicando e demonstrando técnicas que permitem produzir na Madeira alimentos verdadeiramente saudáveis e sustentáveis. A estratégia adoptada permitiu criar condições de implementação e ultrapassar obstáculos ou resistências externas e internas, próprias das actividades pioneiras, ainda antes dos produtores os enfrentarem. Foi possível importar conhecimentos, disponibilizar factores de produção específicos, desenvolver toda a fileira e abrir novos canais de comercialização. Pelo caminho, e durante esse tempo, foi possível ver que a agricultura biológica permite produzir com qualidade e em quantidade, ao mesmo tempo que assegura a proteção do ambiente e a saúde de produtores e consumidores, promove o desenvolvimento económico com a criação de emprego, permite aumentar a soberania alimentar e até projectar a Região lá fora. Mas contra a corrente, assumida pelo resto do mundo, a Madeira parece deixar cair a aposta na Agricultura Biológica quando tanto havia ainda por fazer… Nas mais recentes orientações para a agricultura madeirense publicadas quase um ano depois da tomada de posse do novo governo regional, o modo de produção biológico resume-se a uma única alínea (Incentivar a adoção do modo de produção biológico e de outras práticas agrícolas sustentáveis). Quando todas as orientações comunitárias e internacionais destacam e privilegiam o modo de produção biológico, na Região retiramos a autonomia e a especificidade que a equipa da agricultura biológica, corretamente, tinha, e mistura-se tudo sem qualquer estratégia aparente. Não é difícil antever a confusão que se instalará e que irá baralhar agricultores e consumidores fazendo crer, como muitas vezes se tenta , que tudo o que é regional é bom e é bio!! É certo que a agricultura biológica na Madeira pode esmorecer, mas não vai morrer. E não vai morrer porque o consumidor está atento, e está cada vez mais esclarecido. Porque os agricultores estão atentos, e são cada vez mais informados. E porque nesta fase de desenvolvimento, este sector já não precisa de orientações políticas para progredir. Basta olhar os exemplos de sucesso que se multiplicam, na Região e pelo mundo fora. E lá fora, o mundo é cada vez mais bio. OrganicA - Associação de Promoção de Agricultura Biológica da Madeira
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AutorA OrganicA surge da vontade de partilhar a nossa experiência enquanto consumidores comuns: as preocupações que sentimos, as coisas que aprendemos, as descobertas que fazemos e as atitudes que tomamos em prol de uma alimentação mais saudável e de um mundo mais sustentável. Archives
Junho 2017
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